Bando roubou alunos da escola Palmira Gabriel, na Augusto Montenegro. Um aluno foi agredido e ferido com terçado. |
Funcionários e estudantes sofreram o segundo ataque de criminosos em uma semana dentro da escola estadual de ensino fundamental e médio Palmira Gabriel, na Augusto Montenegro. Ontem, por volta de 14h30, nove ladrões armados com facas e terçados entraram pelos fundos do estabelecimento de ensino aproveitando a cerca baixa de arame farpado, único obstáculo para separar a área escolar de um matagal. Eles renderam a turma da 7ª série, roubaram mochilas e celulares dos alunos e agrediram um adolescente com uma terçadada no braço.
O garoto agredido, de 16 anos, foi encaminhado para o Hospital Abelardo Santos, segundo o gestor da Unidade Seduc na Escola (USE) 11, Walter Cruz, e passa bem. Ele garantiu que o estudante não foi ferido, porém, alunos sustentam que o adolescente sofreu um ferimento leve devido a agressão feita por um dos bandidos. Outra aluna, também do 3º ano, em estado de choque, foi atendida e encaminhada para atendimento médico e depois voltou para casa.
O bando era formado por jovens, aparentando ainda menoridade, e existe suspeita de que entre eles houvesse ex-alunos da escola. Segundo informações de testemunhas, eles queriam roubar aparelhos da sala de informática e pertences dos alunos e professores. Na sexta-feira passada, dia 15, três computadores foram furtados da Palmira Gabriel, de acordo com o relato de vários estudantes que ainda estavam em frente à escola, por volta das 17 horas.
'O menino saiu com o braço sangrando, e eles (os ladrões) pegaram nas partes íntimas de uma aluna também na hora do assalto', disse um menino de 12 anos, estudante da 5ª, ainda assustado com a situação. Outro colega de turma dele, também de 12 anos, confirmou que a escola foi roubada na sexta-feira passada. 'Só tem uma cercazinha de arame. É muito fácil entrar. Tem até um caminho lá que dá no meio do mato, onde tem um campinho. Ficam uns maconheiros lá sempre', contou o garoto.
O gestor da USE 11, responsável por 20 estabelecimentos escolares da área, afirmou que 'ainda está tomando pé da situação das escolas'. 'Assumiu o cargo recentemente', frisou o funcionário da Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc). Porém, ele declarou que já pediu que a área de vegetação atrás da escola Palmira Gabriel seja limpa e um muro alto seja construído. Walter não permitiu o acesso da impressa ao local sob a justificativa de que o lugar deveria ser preservado para as investigações da polícia.
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc) informou 'que, antes mesmo do lamentável episódio já estivera na unidade de ensino, inclusive na manhã de hoje (ontem), fazendo levantamento para a capinação da área dos fundos da escola e da elevação da altura do muro'. No comunicado, o órgão estadual disse que 'a obra está confirmada para se iniciar na próxima segunda-feira, 25'.
O major Marcos Barros, do Comando de Policiamento Escolar (Cpoe) da Polícia Militar, afirmou que a polícia está no encalço do grupo que invadiu a 'Palmira Gabriel'. 'Estamos fazendo buscas para tentar capturar os suspeitos a partir da informação que colhemos na escola', ressaltou ele. Segundo informações coletadas no local, os envolvidos podem ser moradores da área de ocupação Fé em Deus, situada próximo ao conjunto habitacional Tenoné.
Estiveram na tarde de ontem na Escola Palmira Gabriel, além dos homens da Cpoe, vários policiais em viaturas da Ronda Tática Metropolitana (Rotam) e da 8ª Zona de Policiamento (Zpol) da Polícia Militar. Os policiais civis da Divisão de Investigações e Operações Especiais (Dioe) e da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) da Polícia Civil também foram até lá fazer as primeiras investigações. No entanto, até o começo da noite de ontem, nenhum suspeito foi detido ou preso pelo roubo aos alunos.
Estudantes relatam clima de insegurança
Na fachada da escola Palmira Gabriel, o cartaz colorido avisa: 'Aqui você encontra: companheirismo, determinação, amizade, partilha, harmonia, compromisso, amor e paz'. Mas não é bem o que dizem alunos, pais e responsáveis de quem lá estuda. Com um filho de 10 anos matriculado na 5ª no turno da tarde, Lucileide Pinheiro, 32 anos, estava passando de ônibus quando viu várias viaturas da polícia e a imprensa na frente da escola. 'Fiquei desesperada. Só pensei no meu filho. Aqui não tem segurança nenhuma', criticou, chorando.
Lucileide lamenta não ter opção para o filho e a filha, que estuda pela parte da manhã, na Palmira Gabriel. 'A gente mora no (conjunto habitacional) Eduardo Angelim. É a única escola aqui perto. E não tem segurança nenhuma. Sempre há história de gente invadindo a escola. Quando vão fazer alguma coisa?', questiona. A mãe de aluno, quando viu a movimentação da polícia e dos jornalistas, pensou no pior. 'Só quero agora ir para casa e abraçar meu filho, saber se ele está bem', disse ela.
Já as crianças, pela conversa, demonstram que estão habituadas ao clima de tensão, embora observem que é preciso uma ação para prevenir crimes e violência dentro da escola. Um adolescente de 16 anos disse que é comum a entrada de pessoas por trás do estabelecimento. 'A gente que estuda aqui não se sente seguro. Temos medo. A gente é ameaçado também. Fica essa sensação de que pode acontecer alguma coisa muito ruim, tipo o que houve no Rio de Janeiro (episódio em Realengo com o fim trágico de 12 crianças assassinadas)', assinalou.
O estudante também menciona que foram roubados três computadores na semana passada, quando bandidos invadiram a escola e furtaram os equipamentos da sala de informática. A informação dele contrasta com as evasivas do gestor da Unidade Seduc na Escola 11, Walter Cruz, e do major Marcos Barros, do Comando de Policiamento Escolar (Cpoe) da Polícia Militar. Ambos dizem desconhecer o incidente anterior à invasão de ontem. Fonte: Amazônia Jornal |
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Ladrões invadem escola Estadual Palmira Gabriel
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